Após assembleia realizada em outubro na sede da APLB Sindicato, onde ficou definida uma paralisação das atividades educacionais no dia 09 de novembro de 2023. Na última quinta-feira, aproximadamente 300 profissionais docentes e não docentes, pais, mães, responsáveis e estudantes reuniram-se na Praça 2 de julho para celebrarem o dia E, da educação, a fim de reivindicar melhorias no setor. A partir de lá, marcharam pelas ruas de Jacobina pedindo melhorias na Jacoprev, no transporte escolar, na infraestrutura das escolas, na oferta de ensino, no fardamento escolar, material didático em quantidade suficiente, valorização profissional e alimentação escolar em quantidade e com qualidade, sobre este último ponto, é sabido que o município terceirizou o serviço de fornecimento, o que gerou grande precarização no serviço, resultando por vezes na liberação antecipada das aulas por não haver alimentação escolar em quantidade suficiente para todos/as estudantes. Tornou-se comum, gestores/as escolares fazerem arranjos e retirarem recursos do próprio bolso para complementar um ingrediente ou outro e desse modo manter as aulas.
Outro ponto da pauta da reivindicação foi a infraestrutura das escolas do município, as reformas foram iniciadas em várias unidades escolares e infelizmente, não foram concluídas em algumas dessas unidades, o que tem acarretado uma série de transtornos para a comunidade escolar que depende de tais espaços. Um dos maiores problemas está relacionado às altas temperaturas que tem acometido a população ultimamente, devido às obras inacabadas, as salas forradas para a climatização, somado a retirada dos ventiladores, culminaram em momentos de suor pingando e interferências nítidas no foco e concentração dos/as estudantes, bem como fadiga e cansaço dos/as professores/as. Vemos com bons olhos a intenção da climatizar as escolas, infelizmente a não efetivação tem gerado prejuízos inesperados.
Outro
ponto da pauta de reivindicação foi o transporte escolar. Centenas de
estudantes, tem sido prejudicados/as pela descontinuidade na prestação do
serviço de transporte escolar. Não raro, uma ou mais linhas de uma mesma
localidade não cumprirem os itinerários, seja por que o carro está quebrado,
seja por que os trabalhadores que prestam serviço para a cooperativa
responsável pelo fornecimento do transporte estão fazendo greve para poderem
serem pagos, direito básico de qualquer trabalhador/a. Fato é, que as
constantes ausências do transporte se agravou no ano de 2023, atrapalhando
inclusive, o fechamento da nota de alguns/algumas estudantes na segunda
unidade.
Ainda,
foi pauta da paralisação a Jacoprev, que é uma autarquia responsável pela
previdência e pelo plano assistencial dos/das servidores/as municipais. O
município de Jacobina desde a criação da autarquia em 2001, vem acumulando dívidas
e recorrendo a parcelamentos constantes para a quitação destas, o que impacta no gerenciamento da
autarquia. A gestão atual renovou parcelamentos antigos e não tem cumprido com
os repasses referentes aos valores acordados, o que tem piorado a situação da
Jacoprev, comprometendo assim o pagamento do salário dos inativos/as.
Também,
foi pauta da paralisação a falta de material didático, no mês de setembro
algumas escolas tiveram um déficit até mesmo de folhas de papel sulfite
(ofício), outro ponto é o fardamento escolar, que embora prometido ainda não foi entregue aos
mais de 11 mil estudantes da rede municipal. Importante salientar também, que a
oferta de ensino, principalmente na educação infantil foi cobrada na
paralisação, bem como a valorização dos profissionais docentes. Lamentavelmente, o reajuste de
14,95% referente ao piso nacional do magistério, não foi concedido na
integralidade, a APLB Sindicato acordou com a gestão municipal o pagamento
parcelado do percentual, sendo 10% concedido em abril, os 4,95% restantes seriam concedidos em outubro, o que infelizmente, não aconteceu. Segue em aberto também, o retroativo do reajuste de janeiro a março, com prazo em aberto previsto em
lei municipal para pagamento até dezembro.
Importante
ressaltar para quem espalha desinformação, o reajuste anual, se dá por força da
lei federal 11.738/2008, que instituiu o piso nacional do magistério, um
dispositivo mais que justo e necessário para valorizar a carreira do
profissional com a maior função social do país, que é o compartilhamento do
conhecimento. É lamentável que 15 anos após a lei do piso estar em vigência,
ainda precisamos enquanto classe estar lutando, inclusive nas ruas, por um
direito básico de pessoas que trabalham duramente, estudam arduamente e de modo
continuado para oferecer uma educação pública de qualidade, lutando por
progressões na carreira que nos são garantidas em lei e permanecem paradas em
setores administrativos que atravancam nossos avanços profissionais.
A APLB Sindicato sempre seguirá na luta em defesa da classe trabalhadora e da educação como um todo. Desse modo, não aceita qualquer ataque ao papel dessa instituição, e repudia veementemente, falas errôneas e recheadas de equívocos proferidas pelo radialista João Batista em um programa de rádio local, falas estas que tentavam descaracterizar e deslegitimar a nossa manifestação do dia 09, antes mesmo desta acontecer. Tal manifestação representou exclusivamente, o anseio da classe e de parte da sociedade que ainda se importa com a educação. Respeitamos o direito à liberdade de expressão, que no entanto, em nada se assemelha a pessoas despreparadas com acesso e audiência nos meios de comunicação para promover difamação e ódio gratuito. Esta instituição a quem o supracitado radialista nomeou acéfala, tem mais de 70 anos de história, luta e mais cérebro do que os limites do intelecto reduzido dele poderia conceber. Nossa bandeira foi, é, e sempre será a educação.
Assim, de igual modo, repudiamos também, um card de autoria desconhecida que foi disseminado através de grupos de WhatsApp, contendo a foto de parte das pessoas que compõe a atual diretoria da APLB Sindicato juntamente com a suposta evolução salarial dos/das dirigentes de 2020 para 2023. Primeiro, é importante salientar que dirigentes sindicais desenvolvem um trabalho voluntário, não tendo qualquer vantagem ou diferencial monetário dos demais colegas da carreira, ao contrário ficam muitas vezes para trás na busca por avanços, uma vez que estão sempre muito ocupados/as ofertando seu tempo ao trabalho e à luta sindical, o que lhes priva do tempo para a dedicação aos estudos.
Segundo, o salário de qualquer funcionário público é informação pública, contudo, associar a nossa imagem a tais informação é leviano e criminoso. Somos profissionais de carreira com 10, 15 e até mesmo 20 anos de trabalho, que se tivessem alcançado todas as progressões de carreira pleiteadas, certamente teriam um salário mais digno que o exposto no card. Ainda, os/as dirigentes sindicais assim como demais profissionais docentes, são pessoas que estudam e seguem em constante renovação com especializações, cursos de aperfeiçoamento, mestrados e afins. Logo, é leviano usar a carreira profissional de um/uma professor/a para tentar colocar a sociedade e a própria classe contra este/esta.
Portanto, diferente do que algumas pessoas desocupadas querem propagar por aí, professores/as são trabalhadores/as que desenvolvem suas atividades tanto na escola quanto em casa, acumulando funções e absorvendo problemas que sequer lhe são inerentes. Inseridos/as em uma profissão adoecedora, no caso de Jacobina, sendo-lhes negado inclusive, o direito ao benefício da licença-prêmio, imersos/as em uma atmosfera cansativa e ambientes que não fornecem o básico da infraestrutura e material didático para o desenvolvimento pleno das atividades pedagógicas. Servindo de psicólogos/as infantis, enquanto seguem sem tempo para cuidar da própria saúde mental, são pessoas ocupadas e trabalhadoras que merecem respeito.
Assim, reiteramos nosso compromisso com a educação e não toleraremos covardes que
incapazes de sair a luz do debate democrático, escondem-se atrás de cards
disseminados de modo sorrateiro e indecente, na tentativa de associar o
trabalho que desenvolvemos no sindicato de modo voluntário, a vantagens e
ganhos pessoais. Todo e qualquer direito e evolução salarial que obtemos na
nossa carreira enquanto professores/as, se dá por força da lei 11/738/08, por conseguinte,
qualquer narrativa oposta a isso é um delírio ludibriante de quem não tem
capacidade, criatividade e inteligência para o debate público e democrático.
Somos trabalhadores/as idôneos/as, nossa bandeira foi, é, e sempre será, a
educação. Exigimos respeito!
Agradecemos
a presença de todos/as no dia E da educação, lembremo-nos sempre que esta é a
nossa maior bandeira, por isso lutamos, vivemos e acreditamos. Vai ter luta sim
e vai ter luta sempre!