quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA APLB SINDICATO

 


NOTA DE ESCLARECIMENTO

APLB Sindicato dos trabalhadores e Trabalhadoras em educação do Estado da Bahia, com 72 anos de luta na defesa dos trabalhadores em educação e da educação pública, gratuita, isonômica, e de qualidade, nesse ato representada pela Delegacia Sindical do Ouro com sede na cidade de Jacobina-BA, esclarece aos estudantes, pais, responsáveis e toda a sociedade, bem como questiona ao poder público municipal de Jacobina, fatos aludidos na “Nota Oficial” de autoria do poder público municipal na rede social Instagram @prefeiturajacobina  no dia 05 de janeiro de 2024, pós ato de manifestação dos trabalhadores e trabalhadoras da educação em defesa das garantias institucionais e jurídicas que vêm sedo negligenciadas pelo prefeito municipal.

Lamentamos, profundamente, o fato de a Prefeitura Municipal de Jacobina, em sua segunda “Nota de Esclarecimento”, lançadas sempre imediatamente posterior às manifestações dos profissionais da educação, em 09/11/2023 e 05/02/2024, respectivamente, demonstrando avidez para  rebater as centenas de vozes dos servidores públicos nas ruas, deixar de aproveitar seus canais e instrumentos de comunicação para explicar à população jacobinense a situação dos demais itens da pauta de reivindicação para o ensino público no município, como: fornecimento de alimentação escolar com qualidade e em quantidade satisfatória, transporte escolar seguro e sem descontinuidade, fardamento escolar, materiais pedagógicos de qualidade e em quantidade satisfatória, adequação dos espaços de aprendizagem mediante realização de obras de infraestrutura e conclusão das que foram iniciadas há muito tempo, climatização dos ambientes de aprendizagem, fornecimento de EPI’s e materiais de limpeza em quantidade adequada e de forma regular, realização de repasses das contribuições previdenciárias e assistenciais à JACOPREV, garantia do tempo para planejamento das atividades pedagógicas, transparência na gestão dos recursos e processos da Educação, entre outros.

O vácuo deixado pela PMJ mediante a falta de abordagem dos assuntos acima demonstra desconsideração destes como ações estratégicas essenciais para o alcance do sucesso nos processos de educação de nossos munícipes, bem como para valorização de quem serve ou serviu ao município no desenvolvimento desta indispensável política pública, que é a promoção de ensino público de qualidade de forma isonômica. Dito isto, vamos aos fatos narrados na NOTA OFICIAL:

Afirma a NOTA que “o município já empenhou mais de 91% do FUNDEB para pagamento de salário dos professores”.

Como ponto de partida, informamos que, no ano de 2021, primeiro ano da gestão do atual prefeito, o percentual da folha de pagamento de profissionais da educação foi consolidado em 78,52%, conforme dados da prestação de contas da própria gestão, publicada no Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE) e no Tribunal de Contas dos Municípios (E-TCM). Já no exercício de 2022, segundo ano da atual gestão, foi aplicado um reajuste de 33,24% do Piso do Magistério – percentual referente ao ano 2020 e 2021, sem reajustes devido ao congelamento de salários de servidores do magistério pelo Governo Federal – somadas as publicações de processos de progressões de carreira para alguns servidores, elevou o custo total da folha de pagamento com os profissionais da educação para o percentual de 70,39%, ou seja, apresentando uma queda significativa (o que é positivo) mesmo com garantia dos referidos reajuste e publicações.  

Em 2023, do reajuste de 14,95%, a gestão concedeu apenas 10%. Neste mesmo ano, segundo a NOTA, o índice da folha chegou a 91% dos recursos do FUNDEB. No entanto, o percentual informado pela própria Prefeitura Municipal de Jacobina aos órgãos de controle foi de 95,40%, percentual consideravelmente maior do que o anunciado/estimado na NOTA OFICIAL. Fato que, por si, nos chamam a atenção, já que nos órgãos de controle externo citados acima, SIOPE e E-TCM, o percentual de despesa com folha de pessoal informado diverge do divulgado pela gestão em NOTA. A veracidade das informações aqui abordadas podem ser verificadas nos endereços eletrônicoshttps://www.fnde.gov.br/siope/demonstrativoFundebMunicipal.do?acao=atualizar&pag=result&anos=2020&periodos=-1&cod_uf=29&municipios=292460&g-recaptcha-response= e https://e.tcm.ba.gov.br/epp/ConsultaPublica/listView.seam.     

Acreditamos que, diante do exposto, fica evidente que a gestão municipal necessita demonstrar QUAIS SÃO OS ELEMENTOS QUE TÊM ELEVADO O CRESCIMENTO DO ÍNDICE DA FOLHA, já que o prefeito não aplicou, em 2023, o percentual total devido aos profissionais do magistério e, mesmo assim, nesse ano, o índice da folha foi o mais alto na atual gestão.

Tomando-se como referência dados da própria gestão, observa-se que, nos anos de 2021 e 2022, a folha apresentou queda, mesmo com aplicação de 33,24% de reajuste em 2022. Já em 2023, professores(as) e coordenadores(as) sentiram-se forçados a irem às ruas em defesa dos seus salários por falta de reajuste e, mesmo assim, a folha de pessoal da educação chegou a 95,40% dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB).

Não estamos nas ruas ou mesmo aqui pretendendo julgar as intenções do senhor prefeito, até porque os atos falam por si! O que queremos – e não descansaremos enquanto faltar – é transparência, respostas convincentes, e garantia de cumprimento da Lei Federal nº 11.738/2008, que instituiu o Piso Salarial Profissional Nacional aos profissionais do magistério, do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica do Município de Jacobina, Estado da Bahia, Lei Municipal nº 1.210/2013, bem como a Lei Municipal nº 1.961/2023, através do que o próprio prefeito autoriza a adequação da remuneração dos trabalhadores e trabalhadoras do magistério, conforme orientação da Lei Federal.

E como estamos falando dos gastos, não podemos deixar passarem despercebidos os recursos capitalizados pelo município de Jacobina. Tomando-se como base o ano de 2021, o mesmo usado para demonstrar os custos da folha de pagamento, observa-se que o município recebeu, só da cesta do FUNDEB, o valor de R$ 59.555.053,69 (cinquenta e nove milhões, quinhentos e cinquenta e cinco mil, cinquenta e três reais e sessenta e nove centavos); em 2022, a captação de recursos do município chegou ao montante de R$ 72.426.448,39 (setenta e dois milhões, quatrocentos e vinte e seis mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e trinta e nove centavos); já em 2023, os valores chegaram à arrecadação total de R$ 74.101.671,48 (setenta e quatro milhões, cento e um mil, seiscentos e setenta e um reais e quarenta e oito centavos), conforme demonstrativo do Banco do Brasil, extraído do endereço eletrônico  <https://www42.bb.com.br/portalbb/daf/beneficiario,802,4647,4652,0,1.bbx>. Além disso, para o ano de 2024, já está garantido, conforme Portaria Interministerial nº 6 de 28/12/2023, no mínimo, o montante de R$ 85.218.104,58 (oitenta e cinco milhões, duzentos e dezoito mil, cento e quatro reais e cinquenta e oito centavos).

Alertamos que os valores acima são referentes apenas aos recursos que compõem a Cesta do FUNDEB. Além dos aportes financeiros já destacados, o município ainda conta com outras fontes de recursos federais e estaduais, tendo recebido em 2023, por exemplo, os valores que seguem:

a)      R$ 816.299,91 (oitocentos e dezesseis mil, duzentos e noventa e nove reais e noventa e um centavos) como transferência do Fundo Nacional da Educação (FNDE) para o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PENATE);

b)      R$ 1.208.960,86 (um milhão, duzentos e oito mil, novecentos e sessenta reais e oitenta e seis centavos) de recursos para implementação da Escola em tempo integral;

c)      R$ 537.300,00 (quinhentos e trinta e sete mil e trezentos reais) oriundos do Plano de ação articulada; e

d)     R$ 1.770.900,17 (um milhão, setecentos e setenta mil, novecentos reais e dezessete centavos) de Cota Estadual.

Importante enfatizar que, além desses recursos, ainda existe a contrapartida de todos os impostos municipais chamados de Manutenção do Desenvolvimento do Ensino (MDE), correspondente a 25% dos recursos municipais. Tendo em vista o porte da cidade de Jacobina com o seu potencial comercial e uma multinacional, o MDE contribui de forma significativa na captação de recursos para a educação.

É diante dessa realidade que a APLB Sindicato de Jacobina está nas ruas denunciando as condições da estrutura das escolas municipais, a precária situação dos transportes escolares, a qualidade da alimentação escolar ofertada aos alunos, a falta de reajuste dos trabalhadores, entre outros tantos itens importantes. Diante de tudo aqui evidenciado, solicitamos da gestão municipal esclarecimento a toda população e a verdadeira justificativa de tais problemas, uma vez que, apesar de as dificuldades não serem relatadas exclusivamente em Jacobina, também é verdade que municípios de sua micro e macrorregião, que possuem aportes de recursos 2 ou 3 vezes menor, já encontraram formas de ajustarem suas contas e cumprirem compromissos com os trabalhadores e trabalhadoras da educação.

 

 

VAI TER LUTA SEMPRE!!!

Siga nossas redes sociais.

Instagram: @aplbzonaldoouro